segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Irrigação - Soluções egípcias para bombeamento

Observe a figura abaixo:



Para os que ainda tem na mente que os homens de outras eras eram uns tolos, me que somente nós somos detentores da tecnologia, observem esta figura, feita a partir de evidências achadas próximas de onde provavelmente ficavam poços no Egito, e só recentemente divulgadas. Para que o aparelho pudesse ser instalado, era preciso cavar uma vala em local de provável afloramento de água.

Uma corda com várias cabaças de barro presas a ela gira tracionada por uma roda de madeira, ligada por engrenagens também de madeira a outra roda movida por uma junta de bois. A seta * 1 * indica a descendente e a seta * 2 * a ascendente. Os bois estão em * 3 *.

A força exercida pelos bois deve ser igual a pouco menos que a soma das massas de metade das cabaças preenchidas com água,. o que dá uma força considerável.

Dentro dos recursos disponíveis

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Filtros e membranas para Osmose Reversa - Dessalinização

Já falamos sobre Osmose Reversa no post sobre Melbourne.

Vamos falar agora sobre os filtros de osmose reversa e sobre sua constituição.

O filtro

De uma forma simples, este filtro é como qualquer outro:

Adaptação e tradução de imagem em www.perfectlife.com.hk

Este tipo de lógica filtrante é bem comum, presente até nas velas de filtros das residências. Devemos nos ater à tecnologia do meio filtrante, ou seja, das membranas de que se compõem o filtro.

Membranas de filtragem

O segredo da osmose reversa está no tipo de membrana utilizada. Esta membrana não pode ser encarada como um meio de separação somente. Ela possui propriedades físico-químicas de acordo com a sua constituição.

As membranas são sintetizadas a partir de polímeros. Polímeros são compostos de cadeias longas de uma unidade chamada monômero. Os plásticos são polímeros. Mas os polímeros utilizados para as membranas de osmose reversa não são impermeáveis (é claro). Suas cadeias são construídas de tal forma que é possível fazer uma seleção molecular daquilo que deve passar e do que vai ser retido e descartado.

Existem membranas à base de cadeias de celulose, que rejeitam até 99,5 % de sal. A água obtida por esta filtragem pode ser bebida. As obtidas a partir de poliamidas de cadeias aromáticas tem rendimento de 97,5 %, portanto inferior às de celulose.

No entanto, não devemos nos ater somente ao rendimento, mas também ao fenômeno de oclusão das membranas, que diminui o fluxo de entrada, prejudicando a produção.

Mercado em ascensão

O mercado da Osmose Reversa é dominado por umas poucas companhias. Em 1998 ele equivalia a 4 bilhões de dólares. A projeção de crescimento deste mercado era de 8-10 % ao ano. No ano 2000 a venda foi de 750 milhões de dólares, pois o número de companhias no mercado era maior, e a concorrência provocou a queda dos preços. Em outras palavras, mais gente no mercado e os preços caem.


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

História do abastecimento de água em Belo Horizonte - II

Tubos para a rede

O relatório do Prefeito Bernardo Pinto Monteiro, relativo ao período compreendido entre setembro de 1899 e setembro de 1900, dá conta, em sua página 23, de uma compra de tubos:


E lembrem que se utilizava os canos de chumbo. A quantidade é pouco menos que a metade dos canos de ferro. Não são utilizados mais tubos de chumbo nas redes de abastecimento, pelo risco que oferecem à saúde.

A disponibilidade de água

Um dos fatores que inclinou os membros constituintes da CCNC (Comissão de Construção da Nova Capital) para a escolha da região em que seria construída a Cidade de Minas (BH) foi a quantidade de mananciais que banham estas nossas paragens. Já nesta época os administradores da cidade reclamavam que o povo esbanjava água. Começou então uma discussão em torno da melhor forma de restringir o consumo exagerado, através de ...

Formas de limitação de consumo e medição

A população, e em geral as pessoas normais, acham que a água cai do céu (Leia mais). No entanto, ao entrarmos no século XX, observamos que a população cresce de forma acelerada, pela maior oferta de conforto e da própria organização das cidades, fim da monarquia, etc.

Dois métodos foram sugeridos com o fim de limitar e medir o consumo:

  • A pena d'água;
  • Hidrômetro;
Reparem que a discussão é bem antiga. Tem mais de cem anos. Em uma coletividade em que os recursos são compartilhados, é preciso administração. Foi assim que impérios como o Egípcio e o Assírio cresceram e se mantiveram durante anos e anos.

O relatório do Prefeito Bernardo Pinto Monteiro, relativo ao período compreendido entre setembro de 1899 e setembro de 1900, dá conta, em sua página 26, das hipóteses para medição e limitação do consumo de água:



A pena d'água

Este era um dispositivo com um diafragma e um orifício que limitava a vazão da água. Ou seja, não havia medição, mas uma diminuição do fluxo, que fazia com que a pessoa consumisse somente o volume que conseguia fluir pelo dispositivo.

O Hidrômetro

O hidrômetro é um dispositivo composto de peças rotativas, engrenagens e redutores que apresenta o consumo em uma escala, por meio de "relógios".


Os primeiros hidrômetros eram inteiramente mecânicos, e utilizavam tecnologia oriunda dos relógios. A leitura era feita na escala inferior. A medida era dada pela diferença da escala em relação à leitura anterior.

Um comentário do relatório, em sua página 27, demonstra a ordem de grandeza dos consumidores na época:


O prefeito estava tranquilo tendo 450 hidrômetros em estoque para colocar nos imóveis que precisavam de medição. Imagine a quantidade que se teria que ter hoje, com nossos 2.800.000 habitantes.

Residências e industrias

As ponderações em torno da medição e da cobrança levaram à uma classificação dos consumidores em Residenciais e Industriais (padarias eram consideradas indústrias). 

A tabela de tarifas por consumo

Em suas páginas 27 e 28, o relatório traz os valores a serem cobrados por consumo:

 

A modalidade de torneira livre significava que o consumidor pagava um valor fixo, e podia consumir o volume de água que quisesse.






Sem Tratamento de Esgoto não temos água

Em plenas luzes do século XXI, existem pessoas que tem ao seu dispor a Televisão a Cabo, Internet, celulares (mais de um segundo pesquisa) e nem sabem que existe uma rede de esgoto (há muitos anos) sob as ruas de sua cidade.

A rede de esgoto de Belo Horizonte tem mais de cem anos de existência, e não é a mesma de sua fundação, pois já funciona sob o princípio de interceptores (coletam o esgoto de suas casas antes que este acabe caindo em um rio ou córrego).

Casas a beira de córregos

Um dos impulsos naturais do ser humano ao estabelecer sua moradia é fazê-la à beira de cursos d'água. No Brasil isto é provado, por exemplo, pelas palafitas à beira do Rio Amazonas. Mas não é só isto. Todas as descargas da moradia destas pessoas são conduzidas para um cano longo, dirigido para o rio.

Então fazemos uma pergunta:

Por que você acha que o ânus do ser humano fica para trás, ao invés de ficar na frente de nosso corpo ?

Parece uma pergunta desrespeitosa, mas o espírito dos blogs é este. A pergunta tem fundamento. Estas pessoas tem tão pouca visão do mal que fazem a si mesmas que nem sequer viram o cano de esgotos das casas para os fundos das mesmas. Por isto fizemos a pergunta.

No corpo, o orifício de saída de dejetos e coisas não aproveitadas pelo corpo vai para os fundos, e não para a frente. Só a urina é descarregada para frente.

Bem, os esgotos destas casas são descarregados no próprio rio de onde elas se aventuram a pescar. Ora, é mais uma ignorância. Os peixes acabam ingerindo as substâncias tóxicas oriundas dos corpos humanos que habitam a beirada do rio. E ao ingerir estes peixes, as pessoas ingerem as toxinas QUE ELAS MESMAS JOGARAM NO RIO. Daí as doenças.

Água recurso escasso e esgoto

De tanto ser consumida, pois a população só aumenta, a água, ao se transformar em esgoto, vai virando esgoto concentrado nos rios e, fora as doenças e o mau cheiro, a água rio abaixo vai ficando contaminada. E, em breve, todo o rio. Percebem que a água pura vai acabando ?

O ditado "água cai do céu" foi feito em tempos em que havia muito pouca gente no planeta. Agora, para beber água nas grandes, ou pequenas cidades que estão rio abaixo destas grandes cidades, dependemos de um TRATAMENTO DO ESGOTO.

Meu caro leitor, você depende do esgoto jogado JÁ TRATADO, nos rios. Beber água direto do rio é um hábito PERIGOSO. Este rio onde você quer beber água recebeu EM ALGUM LUGAR DO SEU CURSO, esgoto, que algum irresponsável jogou de casa, por absoluta ignorância e preguiça.

Conclusão

Nos tempos modernos, a água depende de se tratar dos esgotos, e água não cai mais do céu, pelo menos num rio absolutamente limpo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

História do abastecimento de água em Belo Horizonte - I

Nossa cidade foi fundada no ano de 1897. Foi concebida de forma muito planejada, ideia copiada da concepção da cidade de Washington.

Acompanhar historicamente esta criação ajuda a entender como é feito planejamento desta natureza e, principalmente, para o objetivo deste blog, o problema da água.

Os relatórios dos prefeitos

Para uma visão histórica, é preciso se referir aos documentos históricos. Os documentos desta natureza são os relatórios dos prefeitos de Belo Horizonte, pois sendo os redatores destes a autoridade máxima da cidade, sua confiabilidade é inquestionável.

Estes relatórios, denominados "Mensagem ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas", começaram a ser redigidos a partir de 1900, equivalente ao exercício administrativo que compreende o ano de 1899 até 1900. O primeiro foi publicado em 19 de setembro de 1900.

Uma observação: o título diz "Cidade de Minas", pois o nome Belo Horizonte ainda não tinha sido adotado como o definitivo para a cidade.

O período 1899-1900

Não vamos dizer que a cidade estava se organizando nestes primeiros anos. Sendo uma cidade planejada, toda uma infra-estrutura tinha sido implantada, e já existiam alguns problemas para serem resolvidos. Já existia uma rede de abastecimento de água implantada, já existia uma usina hidrelétrica em funcionamento em uma queda d'água no Rio Arrudas, um matadouro, parque, a Santa Casa de Misericórdia, e o Mercado Central estava em construção.

Mas vamos detalhar somente a parte de saneamento básico num contexto que ainda não abrange a nossa visão atual de algo bem mais amplo. Havia uma rede de abastecimento, e os dados são os que vem a seguir.

Fonte: Corte da Planta de Bello Horizonte - Acervo da Comissão de Construção da Nova Capital

A rede no perímetro da avenida do Contorno (zona urbana) estava toda implantada. Já havia a preocupação de estendê-la para a zona suburbana, onde a falta já era sentida, principalmente na sexta seção, correspondente à região da Lagoinha. No relatório é dito que esta região será ligada à "Caixa do Cruzeiro", um reservatório em um ponto alto do bairro que tomou este nome.

Ferro e Chumbo

Neste princípio de implantação das redes (não se entenda início, mas já um estágio bem adiantado), ainda se utilizava os canos de chumbo para as curvas, dada a sua maleabilidade e ponto de fusão baixo. Podemos fazer uma pequena observação, quanto ao uso de chumbo a 2000 anos atrás, no Império Romano, nas canalizações das casas dos ricos romanos.

O chumbo é um material perigoso, pois seu efeito é cumulativo no corpo humano, podendo levar à cianose (aparência azulada em torno dos olhos e nas gengivas).

Estabilidade do abastecimento

O relatório dá conta de que desde o mês de janeiro de 1900 o fornecimento de água já está bem regular. Já existe a preocupação com o período de chuvas, que pode quebrar esta regularidade e provocar incidentes. Mas é lembrado que é preciso construir um grande reservatório para dar regularidade efetiva ao fornecimento.

O consumo desta cidade que está começando a sua vida é de 545.712 litros por hora para uma população de 30.000 habitantes, ou seja, 18,19 litros por hora por habitante. Neste ano de 2012, o consumo da população de 2.800.000 habitantes é de 27.471.456 litros por hora, ou seja, 9,81  litros por hora por habitante. Daí as reclamações que constam do relatório de que a população estava esbanjando água naquele ano. A razão estava dobrada naqueles tempos. E a redução foi conseguida ao longo de todos estes anos com um enorme esforço de propaganda, e com a colocação da tarifa em patamares razoáveis.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Civilizações marítimas e fluviais- A água vem do cano

É consenso que uma civilização se desenvolve a partir do momento em que atinge o bem-estar. O bem-estar  é obtido, em primeiro lugar, quando o grupo humano em foco consegue os meios para sua subsistência, ou seja, uma fonte de alimento constantemente disponível (extrativismo e caça) ou o exercício da atividade agrícola. Tanto o extrativismo quanto a caça e a agricultura só são possíveis quando na região em que esta civilização está surgindo existe a disponibilidade de recursos hídricos na forma da água doce.

A civilização marítima não pode ser marítima de origem, mas de exercício de sua atividade em função de bases fluviais, dado que o ser humano não pode consumir água salgada. Existe a necessidade de núcleos populacionais próximos à foz dos rios.

Portanto, a água é a base do bem-estar que proporciona o desenvolvimento de uma civilização. Esta percepção já está nublada por séculos de construção de estruturas conjunturais sobre infra-estruturas de aproveitamento de recursos. A água ficou para trás. Fala-se em redes de distribuição de água e redes de coleta de esgoto. É possível ouvir respostas à pergunta "De onde vem a água" do seguinte tipo:

A água vem dos canos

Dos canos ela vem, após muito trabalho, muito tratamento, muito controle e muita legislação.

Nós somos uma civilização com origens em recursos naturais. Como muitas gerações se sucederam sobre outras, os afazeres, as tradições e os rituais apagaram da mente do homem os mecanismos da origem dos grupos humanos, até a unificação política e a formação das fronteiras e dos países.

A energia elétrica é até considerada mais importante, pois movimenta uma parafernália de produtos eletrônicos que são considerados os itens de bem-estar e entretenimento. A consciência foi substituída pela preocupação em bem-estar de passatempo. Tudo porque o homem esqueceu de suas origens, e da luta pelo saneamento e tratamento da água.

Não falaremos mais nada. Apenas pense.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Royalties para as águas de Minas Gerais

Estávamos trocando idéias sobre a guerra dos royalties do petróleo na Bacia de Campos. Os prefeitos da região não querem dividi-los com outros estados, numa clara expressão do egoísmo e falta de visão de nação e Estado.

Ora, já que é desta maneira, que tal Minas Gerais cobrar dos arrogantes paulistas royalties sobre os rios que nascem em nosso estado ? A água é um bem muito mais precioso que petróleo. Você pode sobreviver sem petróleo (andando a pé, usando gás), mas isto é falso quando abordamos água. Ninguém vive sem água.

Mas "como ela é transparente", passa desapercebida, e todo mundo DESPREZA seu valor. Todo mundo acha a conversa sobre água "papo melado" de ambientalista.

A cobrança de royalties sobre a água de Minas Gerais é um assunto a ser levado em conta, transformado em Projeto de Lei. A água é a grande riqueza de Minas Gerais, e devemos valorizar este bem que aflora em nosso Estado.