sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Se a água vem do céu, por que eu tenho que pagar a conta

Um caso muito interessante. Temos um indivíduo em uma sala de um Tribunal de Pequenas Causas, que atrasou suas contas, aliás, parou mesmo de pagar. A companhia que detém a concessão de água da cidade do indivíduo cortou o fornecimento, e ele entrou na justiça contra ela.

Ele, perante o juiz, disse, todo convicto:

- Água cai do céu, e "eles" querem me cobrar por ela. Não vou pagar mais não.

O juiz, bem devagar:

- Meu caro, quando a água cai do céu, onde ela cai ?

- Na terra, eu bem sei.

- E ela se suja na terra, ou permanece limpa ?

- Depende de que terra ela encontrar.

- E o senhor sabe se a terra onde cai a água que chega até a sua casa é limpa ou suja ?

- Não, senhor Juiz.

- Mas a água que chega até a sua casa vem de canos da companhia de água da cidade. O senhor acredita que estes canos são limpos ?

O cidadão pensa um pouco. Se disser que são sujos, estará acusando a companhia de negligência ou irresponsabilidade. Se disser que são limpos, estará dando razão à companhia e ao Juiz. O que responder ? Ele escolhe:

- Acredito que são limpos.

- Bem, então vamos prosseguir em uma direção: O senhor acha que manter estes canos limpos custa alguma coisa, ou sai de graça ? Será que estes canos são trocados ? Será que de vez em quando eles se gastam ?

- É natural que se gastem, senhor Juiz. Se forem de ferro enferrujam. Se forem de "barro" ou concreto, devem se gastar.

- As paredes da sua casa se desgastam ? O senhor tem que pintá-las ?

- Já fiz uma ou duas reformas na minha casa, e chamei o pintor. Paguei até caro.

- O senhor também bebe a água que chega até sua casa ?

- Bebo.

- Sossegado ou preocupado ?

- Nem penso nisto.

- Se não pensa é porque está seguro ou é porque não precisa se preocupar com algo tão simples como a água ?

- Nunca pensei nisto. Aprendi a ver os outros bebendo, do filtro, e venho fazendo o mesmo.

- Seus filhos bebem também desta água ?

- Sim, acredito que pelo mesmo motivo que eu.

- O senhor acredita que só ensinamos o que é certo.?

- Sem dúvida nenhuma.

- Então o senhor está ensinando que a água que chega à sua casa pode ser bebida. Correto ?

- Sim, mas como também beberia a água da chuva.

- Como não sou especialista em água. pedi que a companhia que foi acionada pelo senhor trouxesse um técnico para consultas a cada dúvida técnica. E agora estou com dúvidas.

Dirigindo-se ao técnico da companhia, o Juiz lhe pergunta:

- Eu posso beber a água da chuva Sr. Fulano ?

- Em outro município talvez sim, mas no nosso, que possui indústrias no perímetro e um trânsito constante de veículos em número de mais de um milhão, não aconselharia.

- Por que não ?

- Porque a poluição faz com que a chuva seja ligeiramente ácida nos primeiros minutos, pois ela carrega consigo dióxido e monóxido de carbono, além de resíduos de enxofre e outras substâncias que afetam a sua ação sobre nosso organismo.

O Juiz se volta para o indivíduo acusador e inadimplente:

- O senhor ouviu a explicação ?

- Ouvi, mas ele é técnico da companhia e pode estar falando aquilo que foi instruído a falar para defendê-la.

- Trouxemos também um técnico de uma Universidade.

Dirige-se a este técnico:

- O senhor confirma ou nega o que o técnico da companhia explicou ?

- Eu confirmo. É a mais pura confirmação dos fenômenos químicos que ocorrem em nossa atmosfera.

Conclusão

Este é um caso fictício, mas composto de todos os elementos absurdos, por parte do acusador, que ouvimos das conversas de pessoas simples ou que usam discursos simplórios para evitar tirar dinheiro do bolso para pagar a água, esta maravilhosa dádiva de Deus. E como não vivemos no Jardim do Éden, a água pode vir contaminada, daí a necessidade de tratamento e investimento.

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