Mas qual é a história completa ? A história é uma teia (web em inglês) cujos "fios" são:
- Barateamento dos materiais de construção;
- Falta de leis que protegessem o meio-ambiente
- Fuga do homem urbano para o sossego
- Incentivo aos empreendimentos
- Loteamentos irregulares, conseguidos com política e influência;
- Via de passagem da serra do Cipó
Tem uns dez anos que eu ia com parentes ficar em sítios alugados. O lugar era muito bonito. Ninguém queria morar na região. Então Belo Horizonte começou a se tornar uma capital opressiva, barulhenta e bagunçada. Nos fins de semana estabelece-se, até hoje, o império dos butecos e a barulheira de noite. Então, quem pode, construiu casa em Lagoa Santa, em lotes comprados ou de herança.
Empreiteiros espertos e famintos obtiveram licenças para fazer loteamentos, usando política, influência e dinheiro para que fossem licenciados de forma rápida. Não havia uma política para se obter licenças ambientais, aliás, nem disto se falava. A preocupação é mais recente. Muitos deixaram os lotes ali de reserva para o futuro. Com a pressão da vida na cidade, quem tinha lote se lembrou dele.
Ajudados pelo preço mais baixo e da facilidade de financiamento da Caixa Econômica Federal para materiais de construção, o homem urbano se lançou na tarefa de erigir sua morada de fim de semana com voracidade.
Acrescente-se a isto o fato de que ao voltar da serra do Cipó em suas viagens, o homem urbano é obrigado a passar pela avenida principal de Lagoa Santa e pelas terras virgens. Daí veio o pensamento:
Nós podíamos construir aqui o nosso sítio
Juntando todos estes fatores, deu-se o fenômeno de colonização da região. E como o homem não é um tão hábil planejador, não mediu a velocidade da construção em relação ao crescimento da infra-estrutura. A pressão da água, que possibilitava o amplo abastecimento, agora se tornou insuficiente para tanta gente. É uma verdade física. E o investimento para disponibilizar água é vultuoso, e precisa da ajuda do Estado. Prefeitura sozinha não consegue.
Depois dos empreiteiros e da população promoverem uma ocupação desordenada (pois todos tem culpa), eles vem cobrar das prefeituras e até da concessionária de serviços de água e saneamento providências. Só que depois de um determinado ponto, o estrago é muito superior à capacidade de investimento da prefeitura local. E a concessionária é acionada pela prefeitura. No caso de Lagoa Santa, o custo para correção do "rombo" de abastecimento precisa de investimentos do PAC (esfera federal).
Vamos dar alguns números como referência. Uma cidade com 30 mil habitantes tem um acréscimo, em 5 anos, de 60 mil habitantes. O investimento em infra-estrutura, quando uma cidade não é planejada, não cresce linearmente com o crescimento populacional. O município de Lagoa Santa deve ter experimentado um crescimento desta ordem. Agora, para corrigir, não basta simplesmente ir reclamar ao prefeito, nem à concessionária. Quando a população dobra, com espalhamento territorial é preciso expandir as redes. Quando não, é preciso trocar toda a rede, para suportar, provavelmente, o dobro da vazão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário