sábado, 31 de outubro de 2009

Pagar pelo uso da água

Está em discussão, e quase aprovada e sancionada, a lei de Uso da Água. Agora, desde o pequeno proprietário rural até o industrial não mais continuarão a tirar água dos mananciais a seu bel prazer. O volume terá que ser limitado, e este volume será cobrado.

O industrial planta sua indústria a beira de um córrego, tira água, usa como matéria-prima e como água de lavagem de equipamentos, sem limites, pois "água cai do céu". O pequeno proprietário canaliza a água para os bebedouros do seu plantel e para seus canais de irrigação, o quanto quer e maneja a água como quiser.

Não será mais assim. Limitando-se o uso para proporções sustentáveis, ambos vão começar a se preocupar em aproveitá-la da melhor forma possível.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Água transparente é sempre limpa ?

Quem dera tivéssemos os olhos do lince ou a visão da águia, dizem alguns. E ainda assim não veríamos seres pequeninos, microseres, micróbios, pequenas formas de vida. Em nosso tempo temos todos os instrumentos da ciência para crer que existem coisas que não podem ser vistas a olho nu.

Este conhecimento, pasmem, não chega a mais de 5 % da população, e a crença e o tabu se tornam sua ciência. E nesta armadilha enganosa e perniciosa, crêem que o que os olhos não vêem, o coração não sente.

Lembrem-se, o homem já foi à lua, mas alguns homens não foram à biblioteca.

E muita gente olha um copo de água transparente e acha que se ela parece limpa, logo está limpa, e bebe, e adoece, e vai encher os postos de saúde, e vai pedir providências do governo. É preciso instrução sobre o componente que compõe 80 % do nosso corpo, a água.

Civilizações reverenciaram o sol, a lua, as estrelas, mas nunca ouvi falar num deus da água. Tivemos os deuses do mar, da chuva, do trovão, mas da água não. Isto porque o homem acha tão normal e comum a água em sua vida, que não lhe dá a devida importância.

Confie então em água de procedência sabida e sobre a qual foi feita uma análise, e não a beba de qualquer lugar, confiando que ela está transparente.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Por que eu só dou importância à água quando ela falta

A muitos anos a água caia do céu. Mas à medida em que a população foi aumentando, e com ela a ignorância, ficou difícil ter confiança na sua procedência e na sua qualidade.

Os romanos colhiam águas pluviais através de uma abertura central de suas habitações denominada átrio (atrium em latim). Na primeira etapa, resvalavam nas telhas, na segunda caiam em tanques. Ou seja, recebiam duas etapas de possível contaminação.

Nos seus primeiros minutos a chuva é ácida, talvez até longe das zonas industriais, como já dissemos. Bem, se você fosse coletar esta água de chuva, como faria ? Num balde ? Você lembraria de lavar estes baldes antes ?

Sejamos científicos e higiênicos. Você construiria a sua casa como os romanos. Portanto, já excluímos os menos favorecidos financeiramente, pois é preciso um terreno suficientemente grande para comportar uma área interna (no caso do átrio) ou uma externa para a construção de algo como uma piscina.

Os custos para um e para outro teriam de incluir um tanque préfabricado de fibra ou um tanque revestido e impermeabilizado para conter a água colhida. Além disto, seria necessário manter este tanque limpo, para evitar contaminação e tampá-lo ao fim da chuva.

Depois, na hora de usar, seria necessário o bombeamento para a caixa d'água, com custos de energia elétrica.

Por estes poucos argumentos, troque o discurso de "água cai do céu" por "água que cai do céu para quem tem casa com piscina". Pense antes de sair repetindo o que todo mundo fala. Que tal deixar o fornecimento de água para quem entende e testa a qualidade da mesma.

Tomou, papudo ?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Por que não tirar água do meu próprio poço ?

Comecemos por dizer que estamos no ano de 2009, e não em 1500.

"Mas que argumento bobo", diriam uns.

O que quero dizer com este tempo: 2009 - 1500 ? São 509 anos de história do Brasil. A ocupação humana do modo civilizado tem este tempo. E ocupação humana significa contaminação. Mas bem antes, os índios já esgotavam o solo com os seus roçados.

Mas não preciso de 500 anos para um argumento químico. Bastam uns 50 anos de produção industrial, de agroindústria temperada com fertlizantes e solo regado à base de chuva ácida para contaminar nossos lençóis freáticos. O dióxido de carbono e seu parceiro, o monóxido de carbono liberados pelos veículos aglomerados no trânsito caótico de nossos grandes centros flutuam na atmosfera. Vem a chuva, e precipita estes gases sob a forma de "gás hidratado" ou ácidos carbônicos sobre a terra. Nem cheguei ao enxofre, resultado do metabolismo humano ou dos ainda resíduos da combustão dos veículos circulantes, em forma de ácido sulfídrico, ou sulfeto de carbono.

Sim, nossa terra, e os lençóis d'água recebem uma sopa química. Mas é só destes dois que citei que se banha a terra com a chuva ? Quem dera fosse.

Os detergentes, desinfetantes, lustramóveis, óleos lubrificantes, adubos, urina dos animais, bactérias e vírus, misturados à água de chuva acabam, por ação da chuva, penetrando no solo. E não se iludam com lotes distantes dos grandes centros, pois os gases podem viajar com o vento em direções e volumes imprevisíveis. E eu só citei os gases oriundos dos veículos.

Existe a parcela de gases industriais, com nitrogênio, amônia, organofosforados e uma infinidade de substâncias simples ou compostas, que com a chuva, acabam por ir dar ao solo, pois a lei da gravidade ainda não foi revogada.

Então, se você acha que a água do seu poço está clarinha, e por isto está limpa, continue utilizando a mesma com tranquilidade, pois o que os olhos não vêem, o coração não sente.

E se num rasgo de esperteza você decidir só beber água mineral, eu quero lembrá-lo: não use também a água de poço para lavar os olhos, órgãos genitais, pés e mãos.

Para não ser mais sarcástico, eu lhes digo que estamos em uma época de atendimento à cliente, controle de qualidade, responsabilidade social, consciência cidadã. Use água com rótulo. E o que é água com rótulo ? A água da torneira não vem na garrafa ! A gasolina, álcool ou diesel vem de bombas, e o indivíduo consciente só abastece em posto de confiança. Consuma água de fontes confiáveis, de fornecedores com capacidade jurídica, de companhias, do governo, se for preciso.

É preciso que a água tenha um selo de qualidade, para que você não volte de uma consulta de rotina com alguma doença resultante daquela água clarinha que você sempre usou, pensando que era pura e sem substâncias nocivas.

Coloque a mão na consciência. Estamos em 2009, e não em 1500.